Ao
comprar alimentos nos supermercados ou nas feiras livres não pensamos como é
feito todo o processo de cultivo desses mantimentos. Plantar e esperar que a
germinação ocorra de forma natural e eficaz não é o suficiente, por isso é
utilizado o agrotóxico. Eles combatem pragas e reduzem as perdas na agricultura
de maneira eficiente. Com os agroquímicos as plantações ficam mais protegidas e
a mão-de-obra para os cuidados com a lavoura é diminuída. Com essa redução de
custos se torna compensatório o uso dos agrotóxicos, pois fica mais barato e a
produção é em larga escala. Sendo assim, os defensivos agrícolas como são nomeados
entram no campo da agricultura.
O processo de produção agrícola sofreu várias mudanças
desde a revolução verde nos anos 50. A revolução foi um processo de introdução
da tecnologia no campo agrícola para obter maior produtividade através de
pesquisas em sementes, fertilização de solos e uso dos agrotóxicos. Ocorreram
então nesta época a modernização da agricultura e o início de novas tecnologias
na área do plantio, visando o aumento da produção. Assim nasceu a inserção dos
agrotóxicos para finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.
Além disso, estes têm função de armazenamento e conservação.
Para utilizar os agrotóxicos é necessário que os
produtos estejam regulamentos junto ao Ministério da Agricultura (MAPA),
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O Ministério
da Agricultura tem como objetivo avaliar constantemente as fórmulas dos agrotóxicos
para torná-lo mais acessível e cabe ao mesmo manter a qualidade destes produtos
que são utilizados no Brasil, evitando assim, os riscos oferecidos a saúde e ao
meio ambiente.
O Brasil está em primeiro lugar na lista de maior consumidor
de agrotóxicos no mundo, sendo que estes são químicos considerados indispensáveis
no desenvolvimento da agricultura no país. "Dentro do atual modelo de
agricultura extensiva, que opta pela utilização de pacotes tecnológicos, os
agrotóxicos são considerados insumos necessários à viabilidade econômica dos
sistemas produtivos. Pensando em agricultura de menor escala, pequeno
agricultor e agricultor familiar, a agricultura orgânica de base agroecológica,
onde não se utilizam fertilizantes sintéticos, agroquímicos, reguladores de
crescimento ou aditivos sintéticos na produção animal, é uma alternativa ao uso
de agroquímicos, além de ser um importante nicho de mercado", afirma a
agrônoma, Tuanna Nogueira de Resende, 25 anos.
O pimentão é a verdura que contém mais agrotóxico, cerca de 80%
Mesmo consciente sobre alternativas de substituição do agrotóxico, a profissional conta que é a favor de seu uso: "reconhecendo o cenário atual da agricultura e como profissional da área, sou a favor do uso racional de agroquímicos, pois compreendo a sua importância dentro dos sistemas produtivos. O uso de defensivos deve ser feito de forma responsável, com supervisão técnica, apenas no momento necessário, respeitando modo e segurança de aplicação, cultura e dosagem recomendada, assim como período de carência”, explica Tuanna.
A Dona de casa, Rosânia de Oliveira, 43 anos, reluta contra a posição da agrônoma: “esses produtos além de fazerem mal, tiram o sabor da comida e as deixam com uma característica e textura ruins e provocam doenças”. Sabe-se comprovadamente que a intoxicação provoca vários sintomas, dentre eles vômito e tonturas. Essa contaminação acontece na alimentação e no momento do preparo do veneno, pois o agricultor inala resíduos que ficam no ar e principalmente pela falta dos equipamentos de segurança. O agricultor, Joaquim Ferreira Filho, 70 anos, admitiu não utilizar os equipamentos para evitar contaminação: "na lavoura usei poucas vezes o equipamento, pois atrapalha no momento da aplicação".
De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE), divulgada em abril de 2015, os consumidores estão dispostos a pagar mais caro por alimentos mais saudáveis. Quando questionados sobre as suas preocupações referentes à segurança alimentar, os entrevistados, cerca de 760 pessoas, destacaram entre os aspectos que mais os preocupam: o excesso de agrotóxicos na agricultura e de hormônios nas carnes. Os resultados mostram que os brasileiros estão levando mais a serio à boa alimentação. Ainda de acordo com o estudo, as mulheres são as que mais compram alimentos orgânicos e assim vão inserindo dentro da alimentação de toda família. Foi identificado também que quanto maior o grau de escolaridade do participante maior era a aceitação para uma alimentação vegetariana.
O consumidor que deseja manter uma alimentação mais saudável e livre de agrotóxicos pode encontrar toda produção orgânica em feiras orgânicas especializadas. Durante todo o processo de produção é respeitado às normas técnicas que visam à produção do melhor alimento. Utiliza-se apenas de sistemas naturais para combater as pragas. Na agricultura orgânica o consumidor tem a vantagem de ter um alimento sem agrotóxico e mais saboroso, porém são alimentos mais caros, pois são produzidos em pouca escala e o custo de produção é bem maior.
Suzana Ferreira
Estudante de Jornalismo, Faculdades Alfa
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