sexta-feira, 14 de outubro de 2016


O Proletariado
           
Na rota pesada do dia a dia ouço diálogos divergentes sempre. Dia desses estava eu a ouvir uma senhora falando sobre a política, pois as pessoas adoram falar sobre esse assunto, especialmente quando ele entra em pauta, como em um ano de eleições. Todos têm uma opinião e um ponto de vista a ser discutido. Enfim, me peguei curiosa a observar a senhora comentando com um conhecido dela, que transparecia pouco entendedor e empolgado com o assunto.
E ela disse: “esse nosso governo é uma vergonha”, concordei nessa parte. E prosseguiu dizendo “que as “coisas” não mudavam por que o proletariado são aqueles que não deixam os dominantes progredirem”. Após essa afirmação, fiquei bastante espantada. O senhor, seu conhecido, que estava a escutar atenciosamente mais um discurso politico e parecia muito atento a cada fala, como se a cada palavra surgisse um novo aprendizado, humildemente disse: “Mas quem são os proletariados?!” E confiantemente a senhora, de forma sucinta, tentou explicar que:  “os proletariados faziam parte de uma sociedade alta, da qual não participávamos.”
Depois dessa afirmação eu me senti confrontada comigo mesma e com todas as coisas que eu já havia aprendido ou lido sobre política. Me lembrei, do meu professor que lecionava Ciências Sociais e sempre falava sobre Karl Marx , filósofo reconhecido e engajado na luta pelos direitos das minorias, defendia ardentemente os proletariados e julgava com a mesma ardência os dominantes. Fazendo com que todos entendessem o “mal” causado pela classe “dominante”. Mesmo sendo um pensamento crítico e de difícil compreensão, Marx teve ideias revolucionárias, que contribuiu para o desenvolvimento histórico político de sua época até os dias de hoje. Criticava radicalmente o capitalismo, onde predomina a exploração do trabalhador pela burguesia.
No dicionário, e eu recorri ao dicionário naquele momento, afirmava o seguinte: “O proletariado é um conjunto de trabalhadores de um determinado país, região e cidade”. Quem trabalha quer progresso, pensei comigo. Após recorrer ao vulgar “pai dos burros”, fiquei em silêncio observando aquela cena, ouvindo atentamente cada palavra e triste por saber que existe tanta ignorância sendo disseminada. A senhora voltou ao seu ofício, o senhor seu conhecido, saiu do estabelecimento sem nenhum questionamento, e carregando a certeza de que o pouco que sabia não era compatível com o que ela dizia.



imagem ilustrativa da internet

Fiquei atenta ao desfecho do diálogo e intrigada em interferir, mas por insegurança e medo da reação alheia, resolvi me conter e guardar na minha memória mais um diálogo cotidiano. Depois que cheguei em casa, percebi que cometi um erro, já que o conhecimento é matéria para ser compartilhada e o pouco que sabemos temos de dividir com o outro. Para melhorar a construção social, às vezes uma intromissão é bem vinda. 



Faculdades Alfa
Joyce Cristina | 5º Período


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