Foto: Yohanna Santos
A
cidade de Goiás é bastante conhecida pela força do seu artesanato, e a sua luta
para manter esta cultura viva. Durante a ditadura militar no Brasil existia cooperativas
de artesanatos espalhadas pelo país. Todas elas eram registradas pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com a ditadura militar no
Brasil cerceando as cooperativas (que tinham por objetivo exercer uma atividade
comercial) foram criadas associações que objetivaram a assistência social,
educacional e cultural. Sendo assim estas associações passaram despercebidas
pelos militares por não ter um exercício comercial tal como eram as
cooperativas.
Em
1977 o Plano Nacional de Desenvolvimento do Artesanato (PNDA) visitou a Cidade
de Goiás conversando com as artesãs para convencê-las a parar com esse
movimento cultural. Frei Marcos decide então criar a primeira associação de
artesãos em 17 de setembro de 1977, tendo como meta restaurar o que estava
sendo destruído e preservar as raízes culturais. Raízes estas com mais de 11
mil anos de herança indígena comprovada.
Artesanato
e trabalho manual possuem algumas diferenças como: o artesanato deve ter pelo
menos três gerações, matéria prima local ou regional, tem sua própria forma
tradicional, tudo é encontrado na natureza, não há necessidade de comprar nada;
o trabalho manual é feito com material reciclado, recortado ou importado, como
uma colcha de retalho, um tapete e até mesmo um carrinho de garrafa pet.
Frei
Marcos afirma que não permite que a cultura do artesanato morra e essa é a
forma que os artesãos encontram de manter as suas raízes vivas, enfatizando que
o artesanato cultural vai muito além do que se vê nos livros didáticos. É o
trabalho feito com as mãos onde se molda a natureza, desde a agricultura até o
trabalho com argila.
A
artesã Oci Felipe de Moraes aprendeu a arte com a mãe, mas só começou a
praticar depois de se divorciar. Como não tinha trabalho e precisava sustentar as
três filhas, buscou ajuda do Frei Marcos através da associação. Foi acolhida e
incentivada a praticar a cultura do artesanato. Durante a depressão como
terapia usou as suas artes com barro e se superou sem ter que tomar nenhum
remédio, apenas pensando em quais peças faria assim que terminasse a que estava
fazendo. Mesmo com um sério problema de visão e praticamente cega de um olho
Oci continua fazendo o que ama e ensinando aos netos.
Foto:
Yohanna Santos
A igreja do rosário em
parceria com o convento abriu um espaço para exposição dos materiais fabricados
pela associação, fortalecendo assim a cultura popular e o turismo local. A
exposição é permanente e se intensifica durante os eventos que ocorrem na
Cidade de Goiás, sendo que a festa de artes é convidado artesãos de outras
regiões também. A associação se encontra ao lado da igreja do rosário e abre
todos os dias.
Faculdades Alfa
Jeniffer Manzan
4° período
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