sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Artesanato, história e Goiás



 Foto: Yohanna Santos

A cidade de Goiás é bastante conhecida pela força do seu artesanato, e a sua luta para manter esta cultura viva. Durante a ditadura militar no Brasil existia cooperativas de artesanatos espalhadas pelo país. Todas elas eram registradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Com a ditadura militar no Brasil cerceando as cooperativas (que tinham por objetivo exercer uma atividade comercial) foram criadas associações que objetivaram a assistência social, educacional e cultural. Sendo assim estas associações passaram despercebidas pelos militares por não ter um exercício comercial tal como eram as cooperativas.
Em 1977 o Plano Nacional de Desenvolvimento do Artesanato (PNDA) visitou a Cidade de Goiás conversando com as artesãs para convencê-las a parar com esse movimento cultural. Frei Marcos decide então criar a primeira associação de artesãos em 17 de setembro de 1977, tendo como meta restaurar o que estava sendo destruído e preservar as raízes culturais. Raízes estas com mais de 11 mil anos de herança indígena comprovada.
Artesanato e trabalho manual possuem algumas diferenças como: o artesanato deve ter pelo menos três gerações, matéria prima local ou regional, tem sua própria forma tradicional, tudo é encontrado na natureza, não há necessidade de comprar nada; o trabalho manual é feito com material reciclado, recortado ou importado, como uma colcha de retalho, um tapete e até mesmo um carrinho de garrafa pet.
Frei Marcos afirma que não permite que a cultura do artesanato morra e essa é a forma que os artesãos encontram de manter as suas raízes vivas, enfatizando que o artesanato cultural vai muito além do que se vê nos livros didáticos. É o trabalho feito com as mãos onde se molda a natureza, desde a agricultura até o trabalho com argila.
A artesã Oci Felipe de Moraes aprendeu a arte com a mãe, mas só começou a praticar depois de se divorciar. Como não tinha trabalho e precisava sustentar as três filhas, buscou ajuda do Frei Marcos através da associação. Foi acolhida e incentivada a praticar a cultura do artesanato. Durante a depressão como terapia usou as suas artes com barro e se superou sem ter que tomar nenhum remédio, apenas pensando em quais peças faria assim que terminasse a que estava fazendo. Mesmo com um sério problema de visão e praticamente cega de um olho Oci continua fazendo o que ama e ensinando aos netos.
 Foto: Yohanna Santos
 A igreja do rosário em parceria com o convento abriu um espaço para exposição dos materiais fabricados pela associação, fortalecendo assim a cultura popular e o turismo local. A exposição é permanente e se intensifica durante os eventos que ocorrem na Cidade de Goiás, sendo que a festa de artes é convidado artesãos de outras regiões também. A associação se encontra ao lado da igreja do rosário e abre todos os dias.


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